terça-feira, 15 de janeiro de 2019

Caminhamos para ser um mundo sem passado e sem memória




“El negrito” (leia-se Milton Vaz) fez um comentário que me deixou encafifado até agora. “Encafifado” é o termo mais apropriado e provocativo para contar essa história porque é revelador de tempo e idade. Na hora em que ele me falou, logo pensei: “nossa, isso daria uma bela crônica!”.

Milton Vaz, ex-diretor da Aquarius FM, demonstrou muita preocupação com uma constatação que o apavora desde o dia em que se deu conta do fato: “Caminhamos para ser um mundo sem passado e sem memória”, disse. E ele detalha sua tese: “As fotos digitais, os álbuns digitais se perdem e não duram como os antigos álbuns de família, com fotos de papel e mesmo aqueles quadros fotográficos retocados a tinta e pincel”. Emendei de pronto: “se apagarmos o perfil do Facebook, a gente perde o registro histórico de uma pessoa”.

É a mais pura verdade. Não se revelam mais as fotos, elas são guardadas em espaços tão virtuais e frágeis quanto virtual e frágil se tornou grande parte das relações sociais e interpessoais. E parece mesmo que o retrato dessa efemeridade toda é que tudo ficou menos intenso, mais rápido e mais rasteiro. Papo de gente velha e ranzinza? Até pode ser. Por ação dos hormônios que batem na porta cada vez mais insistentemente porque o relógio está correndo? Admito que sim. Os dois estamos velhos.

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